Por: Luiz Lo Sardo Neto
Existem vestígios que comprovam o início do “canionismo moderno” entre os anos de 1960 e 1970, contudo a atividade decolou nos anos 80. Rapidamente rompeu as fronteiras da França, em seguida da Europa e assim ganhou o mundo. Aqui no Brasil o Canionismo foi apresentado em 1988, pelo espeleólogo e espeleorresgatista da CNSAS Giovanni Badino, em 1989 uma equipe de “canionistas” liderada por Carlos Zaith inicia oficialmente o moderno canionismo brasileiro.
Nos primórdios do esporte usávamos materiais e técnicas adaptadas. Lembro das botas de montanha e cargueiras com fundo de pvc, botas de mergulho (aquelas de neoprene), sistema de fusível no harnes (cortávamos esse elo, em caso de bloqueio ao chegar no poço). Rapidamente surgiram os primeiros equipos e as técnicas específicas. Com mochilas de pvc perfuradas, sistema debreável, cordas flutuantes – tipo c, precisávamos ver a corda boiando na recepção para ter certeza da chegada na água (pois é, marcávamos o meio também). A evolução foi enorme e nunca parou, porém, eu e alguns tantos amigos comentamos na época (abro aspas para isso) “O canionismo pode ser dividido em duas partes, a primeira antes do surgimento da Five-Ten 5.10 e o Freio Pirana e a segunda após”. Nos dias atuais chamamos esse divisor: old scholl e new scholl. A Five-Ten ganhou concorrentes e foi sendo aperfeiçoada, nossas botas propiciaram mais segurança, estabilidade e rapidez nos descensos. Porém a evolução dos freios é muito mais significativa, está relacionada com a própria técnica e com vários equipamentos utilizados por todos nós.
O Rapel é o nosso gesto vertical básico, o descensor é a cereja do bolo. Para nossa alegria, os projetistas desenvolveram uma enorme quantidade de freios para atividade, com o objetivo de melhorar o desempenho técnico, buscando aprimorar as qualidades. Todo iniciador ou incentivador tem seu descensor favorito, a internet e fabricantes bombardeiam o praticante com demonstração de técnicas avançadas. Nesse cenário o iniciante tem que encontrar de alguma forma seu descensor.
Voltando a divisão de águas:
Old Scholl: freio oito normal, porém, na época que eu utilizava esse descensor, as cordas eram de 10mm no mínimo, a maioria dos rapeis eram baixados em corda dupla. Nos dias atuais, grande parte dos praticantes utiliza cordas de 9mm, alguns de 8.5mm, muitos descensos são em corda simples. Esse tipo de descensor não permite adicionar ou subtrair freio (atrito corda no descensor) durante o descendo, as cordas utlilizadas atualmente são finas estão muito mais ligeiras.
Portanto a adição de atrito suplementar é quase obrigatória para esse tipo de freio. Existe duas possibilidades: vertaco ou reenvio, cada um tem uma indicação específica em relação ao descenso ou na utilização de corda simples ou dupla. Além disso, quando é utilizada passada cclássica, é dificil realizar a posição de parada e muito mais dificil fazer a chave de bloqueio e até mesmo manter a trava por eventual deslize. Se você possuir mais que 80 kilos, tenha atenção pois as dificuldades são maiores.
New Scholl:
São todos os descensores que o praticante se encorda, sem a retirar o dispositivo do mosquetão preso ao harnes. As exceções: SFD8 e Toten, pelo menos por enquanto.
Os novos descensores são polivalentes, tanto no descenso quanto para o sistema debreável na ancoragem. Na grande maioria das vezes a chave de bloqueio é de fácil execução, sendo possível acrescentar e retirar freio durante o descenso (corda tensionada sem abrir o mosquetão), rápido para se encordar, além disso é quase impossível perder seu dispositivo de descenso.
Contudo é necessário testar alguns descensores antes de adquirir e perder dinheiro por não se adaptar. Ler o manual antes de utilizar é mais que necessário, treinar em ambiente controlado antes de ir para o cânion é mais que recomendado. Caso já tenha feito a aquisição, sugiro conversar com pessoas que já possuem esse modelo, caso for participar de algum curso levar o manual, são tantos modelos que é muito difícil o professor conhecer ou lembrar dos detalhes de cada dispositivo.
Fonte do Gráfico: École Française de Canyon