Equalizações em ancoragens de progressão

No canionismo a falta de espaço nas chapeletas foi sempre um problema. Mesmo com as chapeletas de argola que possuem uma maior área útil esse problema persiste. A necessidade cria a solução, que nesse caso é muito simples e antiga: equalização. Adotando essa técnica evita-se o “bordel na ancoragem”, facilitando as manobras e agilizando o descenso. Contudo a equalização precisa respeitar os materiais que serão utilizados, os ângulos e eleger um modelo apropriado para cada situação.

As equalizações podem ser confeccionadas de várias formas

Dependendo da disposição dos pontos de ancoragem, as ancoragens podem ser naturais, artificiais e até mistas. Lembre-se que o ângulo das equalizações devem ser inferiores à 60°, outra observação é que as equalizações diminuem a altura das ancoragens, podendo dificultar o posicionamento dos praticantes ou até criar um fator de queda indesejado.

Quais materiais posso utilizar?

São inúmeras as opções, lembrando sempre da resistência mínima necessária, homologação e bom senso. Ex: anéis costurados de dyneema ou nylon, fita tubular, com corda dinâmica, corda semi-estática, SAR (sistema auxiliar de ancoragem), etc.

Os sistemas de ancoragens requerem sempre dois pontos de fixação

Isso também vale para a entrada e saída de corrimãos, fracionamentos e desvios com ângulos superiores a trinta graus.

Qual é a melhor ancoragem?

Conforme mencionado no início, as equalizações podem ser confeccionadas de várias maneiras e com diferentes materiais. Contudo, as formas ou maneiras devem ser escolhidas de acordo com a característica dos equipamentos disponíveis e configuração encontrada no local.

Os testes realizados pela DMM

A DMM Climbing realizou testes em junho de 2010 onde foi utilizada uma massa de 80 kg que foi submetida a quedas com fatores um e dois. Foram testados elos costurados de 120 cm de nylon e de 120 cm e 60 cm de Dyneema. Os resultados para as quedas de fator um foram:

  • Dyneema com 120 cm: +/- 21,5 kN
  • Nylon com 120 cm: +/- 12,5 kN
  • Dyneema com 120 cm e um nó aselha no meio da fita: +/- 11,5 kN
  • Nylon com 120 cm e um nó aselha no meio da fita: +/- 10,5 kN
  • Dyneema com 60 cm: +/- 16,7 kN

Porque essa diferença?

Dyneema é um material tão estático e resistente quanto um cabo de aço. Lembre-se que quanto maior a elasticidade de um material menor será esse impacto.

Um nó consegue amortecer uma parte da força de uma queda graças a alguma folga que tenha. O aperto que ocorre no nó durante o impacto ameniza o processo ao dissipar parte da energia presente.

Como estamos falando de uma material estático no caso do Dyneema, quanto maior a queda, maior será a aceleração, por consequência maior é o aumento da solicitação na ancoragem e maior o impacto tanto para a ancoragem quanto para o canionista que sofreu a queda.

Com base nos testes da DMM

Quanto mais estático é o material, maior deve ser a atenção para evitar ou amenizar os danos de uma eventual queda.

Um simples nó pode ser adicionado na equalização, o que já ajudará a amortecer esse impacto.

A folga de uma equalização dinâmica deve ser a menor possível, especialmente em se tratando de fitas com material estático pois, nesses casos, quanto menor o tamanho da equalização, menor a será a aceleração, portanto menor o impacto.

Juntando os pontos

Pelos motivos descritos acima, as equalizações dinâmicas de dois pontos simples, aquelas com uma volta para deixar o mosquetão dentro do elo (Magic X) não devem ser confeccionadas com elos de Dyneema. Para estes casos, quanto mais dinâmico o material utilizado melhor.

As equalizações estáticas ou semi-estáticas (mistas), confeccionadas com ou sem nós, com objetivo de amortecer o impacto, ajudando a absorção, são boas opções para materiais estáticos ou quase. Alguns exemplos de equalizações recomendadas: Double Loop Overhand, Magic X with limiter knots, The S.W.A.M.P., The Equalette, Double Sling, etc.

Equalização Dyneema
120 cm (Magic X)
Magic X with limiter knots
SAR
SAP 86° – Chapeletas 35 cm de distância

Por Luiz Lo Sardo Neto

Bibliografia:

Manuel Technique de Canyonisme 2019;

DMM Climbing https://dmmclimbing.com/Knowledge/June-2010/How-to-Break-Nylon-Dyneema%C2%AE-Slings – 2010 ;

SIET Scholl International 2016.

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5 respostas a Equalizações em ancoragens de progressão

  1. Jorge Conacci Júnior diz:

    Os sistemas de ancoragem requerem dois pontos de fixação, ok. Desde que os ângulo compreendido entre esses dois pontos seja inferior a 60 graus. Isso vale para entrada e saída de corre mãos e fracionamento. Até aí entendi .. o que são desvios superiores a trinta graus. Onde eu os encontro nesse contexto?

    • GBCAN diz:

      Desvio é uma tecnica para evitar um problema de roce na corda. Imagine a corda em linha reta, em determinado ponto existe um ponto de atrito, desviamos a corda por alguma ancoragem (natural ou artificial) caso o ângulo em relação a ancoragem fique maior que 30° é necessário 2 pontos de ancoragem, igual ou inferior a 30° 1 ponto de ancoragem.

  2. Jorge Conacci Júnior diz:

    A ancoragem SAR ( essa da foto) feita com corda dinâmica apresenta incoerência no ângulo ( apresenta um ângulo de 86 graus .Seu a fizer com sua angulação inferior a 60 graus entre os pontos, aí tudo bem ?

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